à Mario Quintana
Leio Quintana diariamente
como se cotidiana a mente
precisasse de um comprimido
pra combater a cegueira.
Leio em voz alta a primeira
poesia
e terapia
para os males do ouvido,
entupido pelo fato
ou fatos do dia-a-dia.
Então percebo apagado
e embotado o olfato
que cheira as modas da mídia;
Outro poema socorre
recuperando o nasal,
mas, sofro de outro mal:
me falta agora ter gosto
no meio deste desgosto
de dimensão nacional.
Viro a pagina e lá está
uma poção exemplar
pros males do paladar,
resgatando o doce e o sal.
O tato não mais resiste,
um fato me deixa triste:
não posso sentir os dedos.
O que fazer dos meus medos
no meio da selva insana?
A última página salva
numa lista intitulada:
outras obras do Quintana.
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