Disse o meu coração
Quando perguntado de súbito
Pela tal Revolução
O cérebro disse : analiso!
E a partir deste aviso
Cessou todo o improviso
E também toda ilusão
As pernas, então sem raça,
Disseram: "Pra que te tenho... "
E mostraram todo o empenho
De cumprir esta ameaça
A vista toda se embaça
O sorriso perde a graça
Não sei nem o que se passa
Nessa tal Revolução!?
O fígado de coma hepático
Um rim falou todo enfático
Vou trancar a filtração!
O outro: não tranque não!
Deixe de ser linha-dura
Reveja sua postura
Perante toda a nação!
Então falou o intestino:
Que fado, que desatino!
Nem com óleo de ricino!
E recolheu-se à prisão
de ventre. Quedou-se inchado
O tubo grosso e o delgado.
O apêndice ameaçado
Prometeu inflamação
Em seu socorro a bexiga
Mostrando-se sua amiga
Querendo parar a briga
Propôs uma solução
Sem se mostrar muito afoita
Mas também sem retenção
Atrás da primeira moita
Apresentou micção
O sangue que corre em tudo
Artéria, veia, canudo
Continente ou conteúdo
Deu aumento de pressão
Sentindo-se “solitária”
“Uma simples operária”
“A última coronária”
Prometeu obstrução
Ouvindo tudo o ouvido
Não se sentiu deprimido
Com seu martelo e estribo
Auscultou a situação
Bancando amigo-da-onça
Passou então a responsa
De toda esta geringonça
Para a Reprodução
O testiculo, o útero, o ovário
O espermatozóide vário
Compôs com o óvulo o cenário
Do Dia da Criação
Matou então a charada
Toda esta embrulhada
Não tinha outra morada:
Senão Amor e Paixão