sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Os Cinco Sentidos da Poesia

                                                                               À Mario Quintana



Leio Quintana diariamente

como se cotidiana, a mente

precisasse de um comprimido

pra combater a cegueira.

Leio em voz alta

a primeira

poesia

e terapia

para os males do ouvido,

entupido pelo fato,

ou fatos do dia-a-dia.

Então percebo apagado

e embotado o olfato,

que cheira as modas da mídia;

Outro poema socorre

recuperando o nasal,

mas, sofro de outro mal:

me falta sentir o gosto

no meio deste desgosto

de dimensão nacional.

Viro a pagina e lá está

uma poção exemplar

pros males do paladar,

resgatando o doce e o sal.

O tato não mais resiste,

um fato me deixa triste:

não posso sentir os dedos.

O que fazer dos meus medos

no meio da selva insana?

A última página salva

numa lista intitulada

“Outras obras do Quintana”.

Um comentário:

  1. Simplesmente... fantástico!
    Suas palavras alcançam as pessoas de modo marcante, forte.
    São intensas. Como explicar?
    Não é o que se lê... é...
    O que se sente.
    Traduziu Mário Quintana como a necessidade vital que o é para quem ama palavras bem escritas.
    Parabéns!
    Renata Araújo Machado

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