Quem é esse comandante
Que da ponte vê o mar
Que domina com o olhar
Toda a adversidade
Quem é esse capitão
De gesto firme na meta
Que caminha em linha reta
Sob a forte tempestade
Quem no fragor da batalha
De peito aberto avança
Dá ventos a esperança
E semeia fogo no mar
Quem é este destemido
Que lança fora a mortalha
Ombreia em riste a metralha
E insiste no navegar
Quem é este marinheiro
De pele curtida ao sol
Da cor ocre do arrebol
Que anda à dança do mar
Quem este forte marujo
Que descuida a quarentena
Que entesa a buja e a mezena
E me ensina a bolinar
Quem por detrás da figura
Da couraça e da armadura
De um velho lobo do mar
De bussola anda a procura
Da perfeita singradura
Do porto de fundear
Quem oferece a amura
Para no cais aportar
Quem atrás do porte impávido
Traz à fogo, tatuado
No sol do peito, um dragão
Quem a bombordo comanda
E a sota-voga destranca
A escota do coração
Quem empunha a espadela
E faz da vela a canção
Quem por fim solta as adriças
Dos bons ventos, das derriças
Dos tesouros, das cobiças
Da rija mastreação
Quem do naufrágio revida
Quem fundeia, quem duvida
Da forte rebentação
Quem ata a linha da vida?
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